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Quando sua igreja não vê a sua visão: o que fazer enquanto espera (parte 1)

Por Tim Allchin

Nota do editor: A parte um é direcionada a pastores e lideres de igreja onde a congregação não possui uma visão voltada ao aconselhamento bíblico. A segunda parte é dedicada aos membros que estão em uma igreja cujo liderança não possui uma visão de aconselhamento bíblico. 

Converso frequentemente com um líder de igreja que adotou a visão para o aconselhamento bíblico, mas lidera uma igreja que não entende ou concorda com essa visão ainda. Ele se pergunta se a igreja poderia, um dia, ter uma cultura bem sucedida de aconselhamento bíblico quando a visão da igreja for principalmente dele e outros parecerem compartilhar da sua paixão ou preocupação. Se você é esse líder de igreja, aqui estão simples, mas profundos passos em direção ao progresso – maneiras de motivar sua igreja a abraçar completamente a visão para o aconselhamento bíblico. Abaixo estão cinco coisas para você “Parar e Iniciar” enquanto aguarda a cultura de aconselhamento bíblico permear sua igreja.

 

Pare de usar a palavra “aconselhamento”. Em vez disso, comece a falar sobre discipulado, sabedoria, amizade, pastoreio e hospitalidade. 

Antes de você começar a falar sobre aconselhamento bíblico, você provavelmente precisa criar uma visão sobre o que é isso.  Uma das hesitações mais comuns em começar um “ministério de aconselhamento” é que a igreja pode não ter conselheiros “treinados” para servir ou pessoas dispostas a serem treinadas como conselheiros iniciantes. Aqui temos uma maneira melhor de descrever este dilema para sua igreja. A sabedoria está disponível aos que precisam dela e os que a têm frequentemente a compartilham? Seus líderes demonstram hospitalidade de tal forma que aqueles que sofrem podem compartilhar suas aflições e receber orações, cuidado e uma perspectiva bíblica?

Você não precisa ter um ministério de aconselhamento ou um processo de treinamento formal para dizer que nós, enquanto um grupo de líderes ou congregação, estamos determinados a desafiar aqueles com sabedoria a serem “amigos sábios” para aqueles que precisam de cuidados compassivos. Liderança, discipulado e pastoreio são outras palavras mais aplicadas universalmente que aconselhamento, mas envolvem muitos dos mesmos princípios e habilidades.

 

Pare de visualizar apenas um ministério de aconselhamento formal. Comece a incentivar um cuidado holístico e o papel que a igreja deve desempenhar para ajudar uns aos outros.

Durante meu projeto de doutorado, eu observei mais de mil artigos de revistas sobre aconselhamento não profissional e o que torna isso eficaz. Surpreendentemente, os não profissionais normalmente possuem resultados melhores que aqueles que aconselham profissionalmente. A pesquisa mostra três razões essenciais  pelas quais os conselheiros leigos foram eficazes. Primeiro, eles possuem um amor incomum pelas pessoas, que os motiva a agir. Segundo, conselheiros leigos são mais acessíveis quando requisitados, porque eles apenas trabalham com um pequeno número de pessoas por vez. Terceiro, conselheiros leigos tendem a ajudar apaixonadamente as pessoas, porque desejam retribuir em áreas onde têm experiência pessoal de mudança de vida e uma história de esperança a contar para aqueles que precisam de ajuda.  Eles desejam compartilhar suas experiências em superar coisas como vício, culpa, infidelidade conjugal, ansiedade e dificuldades de aprendizagem. 

Em casos onde o conselheiro profissional é necessário, igrejas ainda podem caminhar ao lado dos que sofrem, reconhecendo que cuidados de longo prazo e uma rede de cuidados são necessários em lutas mais severas.  Sua igreja poderia prover um amor motivador, uma sabedoria acessível e compartilhar experiências para ajudar outros? Nós fomos chamados para fazer isso um pelos outros assim como corpo de Cristo.

 

Pare de evitar assuntos de aconselhamento. Comece a abordar problemas relevantes como ansiedade, depressão, ira, conflitos relacionais  e infertilidade.

Sua pregação tem abordado tópicos relevantes que permeiam o consultório do terapeuta ao longo da semana? A maioria das pessoas que vemos no Centro de Aconselhamento Bíblico poderiam dizer que receberam pouca instrução sobre as lutas descritas em seus formulários de admissão. Mais que cinquenta por cento de nossos aconselhados nunca falaram com ninguém da igreja acerca das suas lutas; Eles apenas nos encontraram na internet.  Se eles nunca tiveram nenhuma discussão sobre suas lutas em suas igrejas, não é de se admirar que elas não confiem de que a igreja fosse de grande ajuda.

Se você não sabe como pregar sobre essas lutas, será que você não deveria estar disposto a conversar com um conselheiro bíblico que possa guiá-lo?  Talvez seja proveitoso ir à sua biblioteca local para procurar referências de artigos recentes sobre esse tema. Aprenda como o mundo descreve essas lutas sem uma visão de Deus  e compare como as escrituras vêem os problemas mais profundos do coração e como ela dá a você direcionamento suficiente para abordar o tema biblicamente. Você também pode introduzir grupos temáticos ou uma série de sermões que tratam sobre os problemas que mantém as pessoas acordadas a noite.

 

Pare de acumular o aconselhamento pastoral. Comece incluindo e equipando líderes sábios para compor um time de aconselhamento com você.

É bom ser apreciado e requisitado e o aconselhamento pastoral irá constantemente lhe proporcionar esses sentimentos. No entanto, o fardo pode rapidamente sobrecarregá-lo enquanto você for o único provedor de cuidados para as lutas da sua comunidade de fé. Muitos e muitos pastores têm se esgotado por nunca convidar outros membros para participar dos cuidados da congregação. Uma das muitas efetivas maneiras de ter defensores do aconselhamento bíblico é nunca aconselhar sozinho. Como conselheiro, sempre tenha alguém por perto para ensinar. Esta é uma boa prática de discipulado:  investir em pessoas da sua liderança e ensiná-los a investir em outros a revisitar e incentivar, ao longo da semana, a pessoa que está sofrendo. Talvez eles possam fazer o dever de casa juntos. Talvez isso possa aliviar sua demanda de aconselhamento.

Alguns pastores têm treinado dois a quatro conselheiros leigos em suas salas usando nossos vídeos de treinamento online. Aqueles que são treinados funcionam como conselheiros ou defensores sem a necessidade de anunciar formalmente um “ministério de aconselhamento bíblico” ou algum programa de treinamento. Apenas um simples tapinha no ombro de um homem ou uma mulher mais sábio e mais velho, e uma frase como: ”eu vou treinar você, e você vai amar isso”, pode ser a maneira mais eficaz de envolver outras pessoas como ajudantes.

 

Pare de terceirizar a maior parte de seu aconselhamento. Comece a pastorear seu rebanho com uma preocupação amorosa à medida que a sua habilidade de ajudá-los a lidar com suas lutas cresce.

Durante as aulas de aconselhamento pastoral no meu seminário, conselheiros profissionais e professores desafiaram os futuros pastores a encontrar um bom conselheiro ou psicólogo e terceirizar a maior parte de seu aconselhamento depois de se tornarem pastores.  Os professores explicaram que os riscos, frustrações e armadilhas relacionais de aconselhar pessoas superariam em muito os benefícios para um pastor que dedicou tempo para aconselhar seus congregados.

Recentemente eu escrevi sobre as desvantagens  de terceirizar da maior parte do seu aconselhamento como pastor. Talvez você não se sinta o melhor conselheiro, mas deveria aproveitar mais as oportunidades se você estiver crescendo em competência e habilidade no aconselhamento. Inicialmente você pode terceirizar a maior parte dos casos difíceis, mas à medida que você se desenvolve e também uma equipe de ajudantes, terceirizar se tornará uma necessidade rara. Muitas opções para treinamento existem.  Você pode poe investir em um seminário de imersão semanal ou fazer um treinamento individual online que funciona no seu tempo. Faça disso uma meta para melhorar suas habilidades esse ano.

 

>> Original em Biblical Counseling Coaltion.
Tradução de Pedro Vilela e Júlia Maria Alves


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